quarta-feira, maio 22, 2013

Se eu te pego, ai!

As pessoas costumam estar arrumadinhas no ambiente de trabalho, já eu preciso estar sem sapatos, sandálias ou qualquer outra coisa que se assemelhe a calçado. É isso ou saio dando choque em todos os colegas da repartição. Se me atrevo a permanecer com os sapatos, lá se vai todo mundo para longe de mim, como se eu não tomasse banho há dias!



Porém, ainda há o risco de a qualquer hora dessas o SAMU ser acionado para realizar dois atendimentos: a mim e a quem vitimei. Constrangedor será ter de explicar o motivo: “Sou eu que dou choque, doutor.” Nada mais normal, afinal, os humanos são bem parecidos, por exemplo, com os interruptores, né?! 

      

No início era até interessante pensar: “sou a garota elétrica” (já que nunca consegui ser a “Mulher Maravilha”, um dos meus sonhos de infância), depois fiquei com medo da própria eletricidade. Sim, porque não é só o outro que sofre as consequências do choque, eu também. Devo sentir, nas pontas dos dedos, a mesma dor daqueles que tocam violão por horas seguidas.

      

Apertos de mão no local onde trabalho nem para o coordenador do setor, e só porque ele é bonzinho... Os choques bem que poderiam ter surgido desde o meu primeiro emprego, seriam uma poderosa arma de vingança contra chefes fanfarrões. Abraços?! Esses nem pensar. Então, fico me imaginando se ainda estiver por lá no meu próximo aniversário, recebendo a dois ou três metros de distância os parabéns. Que abandono!

       

Ver na internet tudo quanto é coisa sobre esse fenômeno e achar depoimentos de pessoas tão anormais quanto eu tem sido algo além de passatempo, virou uma obsessão. Não é engraçado o tempo inteiro ter a Física contra você.


sexta-feira, novembro 25, 2011

“Tô cansado de tanta babaquice... Desta eterna falta do que falar”


Ênfase número 1: Blogueiro não é jornalista. Ênfase número 2: Nem todo jornalista é, de fato (entenda-se: de diploma), jornalista. Passo número 1: Imaginemos, então, um blogueiro que não é jornalista no conceito correto do termo. Espere. Imaginar por quê? Digitando a URL de um blog qualquer no seu navegador não é difícil encontrar um desses tipos. Se você morar em Pau dos Ferros e gostar de desperdiçar seu tempo acessando bobagens em suas horas vagas, a busca tem resultado ainda mais eficaz.
       “Nada sei dessa vida, vivo sem saber...” Passo número 2: estude um pouco sobre o processo de produção de uma matéria jornalística e fique arrepiado com o que andam publicando por aí. Já assistiu aos filmes “Sexta-feira 13”, “O exorcista” ou “Atividade paranormal”? Diga se não é bem mais assustador!
Pior do que um político maroto, só o Zé Ninguém do Biquini Cavadão querendo ter um status que não merece. Portanto, passo número 3 para quem é espectador dos modelos noticiosos que circulam na cidade de Pau dos Ferros: opte pela leitura de um bom livro, brinque com seu filho, passeie com seu cachorro ou, não escolhendo nenhuma das opções, invente outra que não dê audiência à lorotagem. Finalmente, passo número 3 para quem veicula esses modelos: desista. Procure outro meio de fazer sucesso, porque você, indubitavelmente, não é bom nisso.


O texto acima não atende aos requisitos da ideia do blog em sua totalidade, no entanto, fez-se necessário diante da barbárie que pretende ameaçar o jornalismo online.

sábado, fevereiro 19, 2011

“Vou de táxi ‘cê’ sabe ‘tava’ morrendo de saudade”

Quando o homem inventou a roda foi, para a humanidade, a maior descoberta depois do fogo. Eu, por pura ousadia, ainda incluiria o ar condicionado no ranking das melhores criações do homem. O ar condicionado, o microondas, a máquina de lavar, a pizza... E, certamente, se eu morasse no sudeste ou no sul do país, não me esqueceria de citar o chuveiro elétrico e o sobretudo.

O fato, no entanto, é que os nativos de Pau dos Ferros necessitam “reinventar” a roda. Imaginem que uma jovem senhora chegue à cidade com suas malas enormes cheias de perfumes importados, sapatos luxuosos, roupas das mais famosas grifes, e tenha que caminhar até o hotel (ou pousada, tipo de hospedagem mais comum por aqui) arrastando toda essa bagagem. Não teria a aparência de uma imagem surreal? Ou uma daquelas cenas sobre “não ter para onde ir” dentro de algum filme americano de roteiro deficiente? Para os pauferrenses, estranho seria se a jovem senhora adentrasse no automóvel de um taxista que estivesse à sua pronta espera.  

No município de Pau dos Ferros há apenas duas opções de pontos de táxi: um localizado na Praça Monsenhor Caminha – praça central da cidade –, e outro na rodoviária. Se alguém agora me perguntar qual funciona mais adequadamente, responderia que a expressão “mais adequadamente” estaria sobrando na pergunta.

Os três ou quatro taxistas da praça central passam as manhãs e as tardes tomando suas cervejinhas geladas, sem se preocuparem se irá ou não aparecer cliente; à noite, eles parecem ter sido tragados pela terra. O número de táxis do terminal rodoviário, por sua vez, não ultrapassa três carros – em sua totalidade, porque a trabalho às vezes se pode nem precisar contar.

Além da dificuldade de se encontrar esses automóveis, e o risco que você corre?! Oito dias atrás fui assaltada dentro de um deles. Ao atingir o destino final da viagem, fui surpreendida com a seguinte fala do motorista: “foram sete reais”.  Detalhe importante: caso eu tivesse caminhado teria gastado menos de dez minutos. Segundo detalhe, bem mais importante: não havia taxímetro (nenhum táxi pauferrense possui o aparelho que confirma ao passageiro o preço a ser pago). Então, diante de uma situação como essa, só resta sorrir elegantemente, retirar da carteira o valor cobrado, e deixar para chorar no momento em que o carro tiver ido embora.

É, quando a Angélica quiser visitar Pau dos Ferros irei me lembrar de aconselhá-la a desistir de pegar um táxi, e aderir aos veículos de transporte coletivo. Ops! Estes também não existem.

sábado, fevereiro 12, 2011

Vem cá, João... Dá-me sua mão, e quando você entrar tranque o portão...

Se você gostaria de residir em uma pacata cidade do interior do Rio Grande Norte, eu diria que Pau dos Ferros, localidade da ‘tromba do Elefante’, não seria a mais apropriada. “Cuidado com a tromba, cuidado com a tromba!”, certamente alertaria algum adestrador zeloso se estivéssemos em um grande circo. E estamos!

Enquanto a população pauferrense não atinge ainda a marca dos vinte e oito mil habitantes, e o número de policiais em rondas noturnas chega a zero, parece que a quantidade de furtos cresce em progressão geométrica. Deixo a análise do estrago àqueles que tem gosto pela matemática.

Na verdade, não precisamos de grandes (nem pequenos) matemáticos para perceber o que acontece embaixo da lona.  Nós, eternos palhaços desajeitados, vivendo em um espetáculo às avessas, somos obrigados a aplaudir o imenso (sem ter medo de exagero) público, quando este sequer pagou ingresso.

“Roubaram o botijão de gás”, essa foi a frase pronunciada em minha casa ao abrir meus olhos em uma, aparentemente, tranquila manhã da ‘Princesinha do Oeste’. O sol estava cintilante, os pássaros cantavam, as pessoas se cumprimentavam... Em meio a este cenário um tanto bucólico, um choque com as consequências do mundo pós-moderno.

Alguns planejam sequestros de importantes empresários, assaltos a bancos e, quase que prazerosamente, outros levam nossos celulares e joias. Porém, quem em sã consciência planejaria um furto de botijão de gás vazio na alta madrugada? Resposta: não houve planejamento, o ocorrido foi resultado de um ato desesperador e, não menos... sacana.

Sacanas, principalmente, são as políticas públicas (no caso, a falta delas). Como posso recriminar um possível dependente químico por saquear a minha residência, se olho ao meu redor e a única coisa que consigo ver é o incentivo ao caos?  Sexo, drogas, e vamos trocar o rock and roll pelo forró na ‘casa das prima’, que me desculpem o Aviões do Forró e seus fãs.

Proteja-se, Pau dos Ferros! Já que a situação não muda e antes que ela piore, vamos trocar nossos cadeados, nossas grades e fechaduras. Ou adquirir um cão de guarda, que não seja roubado.