sexta-feira, novembro 25, 2011

“Tô cansado de tanta babaquice... Desta eterna falta do que falar”


Ênfase número 1: Blogueiro não é jornalista. Ênfase número 2: Nem todo jornalista é, de fato (entenda-se: de diploma), jornalista. Passo número 1: Imaginemos, então, um blogueiro que não é jornalista no conceito correto do termo. Espere. Imaginar por quê? Digitando a URL de um blog qualquer no seu navegador não é difícil encontrar um desses tipos. Se você morar em Pau dos Ferros e gostar de desperdiçar seu tempo acessando bobagens em suas horas vagas, a busca tem resultado ainda mais eficaz.
       “Nada sei dessa vida, vivo sem saber...” Passo número 2: estude um pouco sobre o processo de produção de uma matéria jornalística e fique arrepiado com o que andam publicando por aí. Já assistiu aos filmes “Sexta-feira 13”, “O exorcista” ou “Atividade paranormal”? Diga se não é bem mais assustador!
Pior do que um político maroto, só o Zé Ninguém do Biquini Cavadão querendo ter um status que não merece. Portanto, passo número 3 para quem é espectador dos modelos noticiosos que circulam na cidade de Pau dos Ferros: opte pela leitura de um bom livro, brinque com seu filho, passeie com seu cachorro ou, não escolhendo nenhuma das opções, invente outra que não dê audiência à lorotagem. Finalmente, passo número 3 para quem veicula esses modelos: desista. Procure outro meio de fazer sucesso, porque você, indubitavelmente, não é bom nisso.


O texto acima não atende aos requisitos da ideia do blog em sua totalidade, no entanto, fez-se necessário diante da barbárie que pretende ameaçar o jornalismo online.

sábado, fevereiro 19, 2011

“Vou de táxi ‘cê’ sabe ‘tava’ morrendo de saudade”

Quando o homem inventou a roda foi, para a humanidade, a maior descoberta depois do fogo. Eu, por pura ousadia, ainda incluiria o ar condicionado no ranking das melhores criações do homem. O ar condicionado, o microondas, a máquina de lavar, a pizza... E, certamente, se eu morasse no sudeste ou no sul do país, não me esqueceria de citar o chuveiro elétrico e o sobretudo.

O fato, no entanto, é que os nativos de Pau dos Ferros necessitam “reinventar” a roda. Imaginem que uma jovem senhora chegue à cidade com suas malas enormes cheias de perfumes importados, sapatos luxuosos, roupas das mais famosas grifes, e tenha que caminhar até o hotel (ou pousada, tipo de hospedagem mais comum por aqui) arrastando toda essa bagagem. Não teria a aparência de uma imagem surreal? Ou uma daquelas cenas sobre “não ter para onde ir” dentro de algum filme americano de roteiro deficiente? Para os pauferrenses, estranho seria se a jovem senhora adentrasse no automóvel de um taxista que estivesse à sua pronta espera.  

No município de Pau dos Ferros há apenas duas opções de pontos de táxi: um localizado na Praça Monsenhor Caminha – praça central da cidade –, e outro na rodoviária. Se alguém agora me perguntar qual funciona mais adequadamente, responderia que a expressão “mais adequadamente” estaria sobrando na pergunta.

Os três ou quatro taxistas da praça central passam as manhãs e as tardes tomando suas cervejinhas geladas, sem se preocuparem se irá ou não aparecer cliente; à noite, eles parecem ter sido tragados pela terra. O número de táxis do terminal rodoviário, por sua vez, não ultrapassa três carros – em sua totalidade, porque a trabalho às vezes se pode nem precisar contar.

Além da dificuldade de se encontrar esses automóveis, e o risco que você corre?! Oito dias atrás fui assaltada dentro de um deles. Ao atingir o destino final da viagem, fui surpreendida com a seguinte fala do motorista: “foram sete reais”.  Detalhe importante: caso eu tivesse caminhado teria gastado menos de dez minutos. Segundo detalhe, bem mais importante: não havia taxímetro (nenhum táxi pauferrense possui o aparelho que confirma ao passageiro o preço a ser pago). Então, diante de uma situação como essa, só resta sorrir elegantemente, retirar da carteira o valor cobrado, e deixar para chorar no momento em que o carro tiver ido embora.

É, quando a Angélica quiser visitar Pau dos Ferros irei me lembrar de aconselhá-la a desistir de pegar um táxi, e aderir aos veículos de transporte coletivo. Ops! Estes também não existem.

sábado, fevereiro 12, 2011

Vem cá, João... Dá-me sua mão, e quando você entrar tranque o portão...

Se você gostaria de residir em uma pacata cidade do interior do Rio Grande Norte, eu diria que Pau dos Ferros, localidade da ‘tromba do Elefante’, não seria a mais apropriada. “Cuidado com a tromba, cuidado com a tromba!”, certamente alertaria algum adestrador zeloso se estivéssemos em um grande circo. E estamos!

Enquanto a população pauferrense não atinge ainda a marca dos vinte e oito mil habitantes, e o número de policiais em rondas noturnas chega a zero, parece que a quantidade de furtos cresce em progressão geométrica. Deixo a análise do estrago àqueles que tem gosto pela matemática.

Na verdade, não precisamos de grandes (nem pequenos) matemáticos para perceber o que acontece embaixo da lona.  Nós, eternos palhaços desajeitados, vivendo em um espetáculo às avessas, somos obrigados a aplaudir o imenso (sem ter medo de exagero) público, quando este sequer pagou ingresso.

“Roubaram o botijão de gás”, essa foi a frase pronunciada em minha casa ao abrir meus olhos em uma, aparentemente, tranquila manhã da ‘Princesinha do Oeste’. O sol estava cintilante, os pássaros cantavam, as pessoas se cumprimentavam... Em meio a este cenário um tanto bucólico, um choque com as consequências do mundo pós-moderno.

Alguns planejam sequestros de importantes empresários, assaltos a bancos e, quase que prazerosamente, outros levam nossos celulares e joias. Porém, quem em sã consciência planejaria um furto de botijão de gás vazio na alta madrugada? Resposta: não houve planejamento, o ocorrido foi resultado de um ato desesperador e, não menos... sacana.

Sacanas, principalmente, são as políticas públicas (no caso, a falta delas). Como posso recriminar um possível dependente químico por saquear a minha residência, se olho ao meu redor e a única coisa que consigo ver é o incentivo ao caos?  Sexo, drogas, e vamos trocar o rock and roll pelo forró na ‘casa das prima’, que me desculpem o Aviões do Forró e seus fãs.

Proteja-se, Pau dos Ferros! Já que a situação não muda e antes que ela piore, vamos trocar nossos cadeados, nossas grades e fechaduras. Ou adquirir um cão de guarda, que não seja roubado.