As pessoas costumam estar arrumadinhas no
ambiente de trabalho, já eu preciso estar sem sapatos, sandálias ou qualquer
outra coisa que se assemelhe a calçado. É isso ou saio dando choque em todos os
colegas da repartição. Se me atrevo a permanecer com os sapatos, lá se vai todo
mundo para longe de mim, como se eu não tomasse banho há dias!
Porém, ainda há o risco de a qualquer
hora dessas o SAMU ser acionado para realizar dois atendimentos: a mim e a quem
vitimei. Constrangedor será ter de explicar o motivo: “Sou eu que dou choque,
doutor.” Nada mais normal, afinal, os humanos são bem parecidos, por exemplo, com os interruptores,
né?!
No início era até interessante pensar:
“sou a garota elétrica” (já que nunca consegui ser a “Mulher Maravilha”, um dos
meus sonhos de infância), depois fiquei com medo da própria eletricidade. Sim,
porque não é só o outro que sofre as consequências do choque, eu também. Devo
sentir, nas pontas dos dedos, a mesma dor daqueles que tocam violão por horas
seguidas.
Apertos de mão no local onde trabalho nem
para o coordenador do setor, e só porque ele é bonzinho... Os choques bem que
poderiam ter surgido desde o meu primeiro emprego, seriam uma poderosa arma de
vingança contra chefes fanfarrões. Abraços?! Esses nem pensar. Então, fico me
imaginando se ainda estiver por lá no meu próximo aniversário, recebendo a dois
ou três metros de distância os parabéns. Que abandono!
Ver na internet tudo quanto é coisa sobre
esse fenômeno e achar depoimentos de pessoas tão anormais quanto eu tem sido
algo além de passatempo, virou uma obsessão. Não é engraçado o tempo inteiro
ter a Física contra você.